Ebook sobre o papel de Jair Bolsonaro como “guerreiro contra o sistema” geralmente focam em sua retórica e ações políticas, especialmente durante sua campanha presidencial em 2018 e seu mandato. A análise desse tema é complexa, pois envolve diferentes perspectivas sobre o que constitui “o sistema” e como ele é combatido.
A Retórica de “Guerreiro Contra o Sistema”
A estratégia de Bolsonaro se baseou em se apresentar como um “outsider” político, um combatente da corrupção e das elites tradicionais, tanto da esquerda quanto da direita, que, segundo ele, governavam o país para seus próprios interesses. Essa narrativa ressoou com muitos eleitores insatisfeitos com os escândalos de corrupção e com a política tradicional. Os termos mais associados a essa abordagem incluem:
- Antipolítica: A ideia de que a política tradicional é ineficaz e corrupta, e que é necessária uma ruptura com as práticas do passado.
- Antiestablishment: Oposição direta ao “establishment” ou ao “sistema”, que em sua visão seria composto por políticos de carreira, a grande mídia, o Supremo Tribunal Federal (STF) e até mesmo parte do funcionalismo público.
- Combate à corrupção: A promessa de acabar com a impunidade e limpar a política, usando como pano de fundo a Operação Lava Jato.
Ações e Políticas Relacionadas à Narrativa
Durante seu governo, as ações de Bolsonaro foram frequentemente interpretadas por seus apoiadores como tentativas de cumprir a promessa de combater “o sistema”. Alguns exemplos notáveis incluem:
- Embates com o Supremo Tribunal Federal (STF): Bolsonaro frequentemente criticou publicamente decisões do STF e ministros, acusando-os de atuar contra seus interesses e contra a vontade popular. Essas tensões foram vistas por seus apoiadores como um confronto direto com uma instituição que, na visão deles, faz parte do “sistema”.
- Críticas à grande mídia: A constante acusação de que a imprensa tradicional disseminava “fake news” e era inimiga de seu governo foi uma tática para minar a credibilidade de um pilar do que ele chamava de “sistema”.
- Nomeação de ministros “não políticos”: A escolha de figuras de fora da política tradicional, como militares e técnicos, para compor seu ministério foi apresentada como uma forma de romper com a prática de loteamento de cargos por partidos.
Críticas e Análises Contrárias à Narrativa
Por outro lado, muitos analistas políticos e críticos argumentam que a narrativa de Bolsonaro como um “guerreiro contra o sistema” é uma estratégia de marketing político, e não uma realidade. As críticas a essa visão incluem:
- Alianças políticas: Após a eleição, o governo de Bolsonaro fez alianças com partidos do chamado “centrão”, um grupo frequentemente associado à política tradicional e ao fisiologismo. Para os críticos, isso demonstrou que, na prática, o governo se adaptou ao próprio sistema que prometeu combater.
- Acusações de corrupção: Membros de seu próprio governo e família enfrentaram acusações de corrupção, o que para muitos contradiz a promessa inicial de limpeza na política.
- Apoio a instituições: Bolsonaro, apesar de suas críticas, operou dentro das instituições democráticas, buscando apoio no Congresso para aprovar suas pautas, o que para os críticos mostra que ele fazia parte do próprio sistema que atacava.
A narrativa de Bolsonaro como um “guerreiro contra o sistema” é, portanto, um tema central para entender sua base de apoio e sua trajetória política. A eficácia dessa imagem está diretamente ligada à percepção de que as instituições tradicionais falharam, e que uma figura forte de fora da política é necessária para trazer a mudança.
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